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domingo, 24 de agosto de 2025

Ciência como base para a felicidade e o bem-estar

Por Luiza Vidigal, sócia da Felicistart, empresa pioneira na aplicação da Ciência e Gestão do bem estar e Felicidade no ambiente corporativo com a finalidade de promover maior engajamento e resultados para as organizações.

No dia 20 de março, celebraremos o dia internacional da felicidade. Este tema sempre foi muito explorado, principalmente a partir da última década do século passado, onde pesquisadores de todo o mundo se propuseram a estudar o que leva as pessoas a um estado de bem estar e felicidade. É claro que este é um tema que acompanha a humanidade há muito mais tempo, em especial na filosofia, mas ganhou força a partir do desenvolvimento de tecnologias de imagem que proporcionaram um melhor entendimento do cérebro humano e do nascimento da chamada Psicologia Positiva.

Foi uma mudança de perspectiva porque até então a psicologia, por exemplo, se concentrava em estudos sobre transtornos e doenças mentais, ou seja, sobre fatores “negativos” e não fatores positivos. Psicólogos tinham o papel fundamental de tratar estes transtornos (agiam na cura e prevenção), mas pouco se falava sobre suas contribuições para potencialização do bem estar e da felicidade (promoção de saúde mental). 

Venho lendo muito sobre a chamada ciência da felicidade desde 2014 e muitas vezes me pego pensando que as “descobertas” parecem óbvias: relacionamentos positivos, engajamento, significado e propósito e resiliência são fatores fundamentais para o bem estar e a felicidade, não descartando, é claro, a importância de se ter uma vida saudável com alimentação balanceada, sono reparador e atividades físicas.

Bom, talvez sejam mesmo óbvias, porque a ciência usa, principalmente, o caminho de testar hipóteses. Mas óbvios ou não, esses conhecimentos, hoje comprovados pela ciência, precisam de uma atenção especial. Temos em nossas mãos as condições para sermos mais felizes e fazermos os outros também mais felizes assertivamente.

Organizações e governos já têm informações suficientes para saber por onde começar planejamentos de potencialização do bem estar e da felicidade e estudos indicam que pequenas mudanças de hábitos podem ter grandes efeitos, inclusive, na prevenção de transtornos de ansiedade e depressão. 

Cabe a cada um de nós fazermos a nossa parte, pois cada pessoa feliz é capaz de fazer outras ao seu redor felizes também. Shaw Achor, em O Jeito Harvard de Ser Feliz, afirma que “ao tentar aumentar a nossa felicidade e sucesso, acabamos sendo capazes de melhorar a vida de mil pessoas ao nosso redor”, baseando-se nos estudos de James Fowler sobre as influências que temos sobre as outras pessoas. Uma pessoa genuinamente feliz em um ambiente de trabalho pode fazer bem a toda a equipe. 

Se você quer ser essa pessoa, vão aqui algumas dicas:

Pequenas perguntas podem melhorar o dia de muita gente. Que tal trocar o “tudo bem?” por “o que te aconteceu de melhor hoje?”, por exemplo? Quando você pergunta “tudo bem”, possivelmente a pessoa não vai parar para pensar se está MESMO tudo bem e, se parar, a resposta provavelmente será NÃO, pois dificilmente TUDO estará bem (o que está perfeitamente ok!). Mas se você pergunta o que de melhor aconteceu, você a fará parar para pensar nas coisas positivas e elencar a melhor delas e, desta forma, vai fazer a pessoa reviver em pensamento, esses momentos. Além disso, ao escutar algo bom, pode ser que te faça bem também, desencadeando emoções positivas, um dos pilares das teorias PERMA, SPIRE e 10 chaves para a felicidade, de Martin Seligman, Tal Ben-Shahar e Vanessa King, respectivamente.

Outro pilar convergente em todas as teorias é a questão do propósito. Que tal tirar um tempo para entender o propósito do seu trabalho? E, sendo líder ou par, que tal dividir suas conclusões com o restante da equipe? Vejam alguns exemplos de ressignificação do trabalho:

Em Tempos Modernos, o personagem de Charles Chaplin aparece apertando parafusos em uma indústria, um trabalho repetitivo, que pode parecer sem propósito algum, mas imagine que ele esteja trabalhando em uma fábrica de ambulâncias. O propósito de seu trabalho pode ser garantir a segurança das ambulâncias, que, por sua vez, salvarão milhares de vidas. Da mesma forma, uma pessoa que trabalha na construção de prédios residenciais pode ressignificar seu trabalho pensando na segurança que está proporcionando às famílias que ali morarão e nos relacionamentos que ali nascerão. 

Aproveito para trazer um resultado não tão óbvio assim de uma pesquisa realizada em Harvard com mais de 70 anos de duração: você sabia que bons relacionamentos têm correlação positiva com longevidade? E este é outro fator convergente para as teorias da felicidade: Relacionamentos Positivos, ou bons relacionamentos, como os pesquisadores colocam.

Outros estudos indicam que bons relacionamentos é também o fator mais significativo na relação positiva com o trabalho e que ter pelo menos um amigo próximo neste ambiente (isso mesmo, um!), é um fator preditor de produtividade (Gallup, 1999).

Essas três dicas podem parecer simples e óbvias, mas certamente trarão grandes resultados se bem aplicadas no seu dia a dia. A dificuldade aqui não é em perceber a importância ou em aprender com a ciência, mas em praticar com intenção, seriedade e perseverança, porque por mais “intuitivas” que possam parecer, não são exatamente naturais. 

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