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terça-feira, 10 de junho de 2025

Desconectados nas Escolas

A recente sanção da Lei Federal 15.100, que regulamenta o uso de celulares nas escolas, representa um marco fundamental para a educação e o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças e adolescentes no Brasil. Como psicóloga infantil psicanalista, acompanho de perto os impactos da tecnologia na formação psíquica dos jovens e acredito que essa legislação seja um passo essencial para resgatar a qualidade da aprendizagem e das relações interpessoais dentro do ambiente escolar.

O Celular e o desenvolvimento infantil

Nos últimos anos, o uso excessivo de dispositivos móveis tem sido motivo de preocupação entre pais, educadores e profissionais da saúde mental. Estudos apontam que a exposição prolongada às telas pode comprometer a atenção, a memória, a criatividade e a capacidade de interagir socialmente. Crianças e adolescentes estão cada vez mais dependentes de interações digitais, em detrimento das experiências presenciais fundamentais para o desenvolvimento emocional e cognitivo.

Na prática clínica, observamos um aumento de sintomas como ansiedade, irritabilidade e dificuldades de concentração, muitas vezes associados ao uso excessivo de telas. As redes sociais, por exemplo, podem amplificar sentimentos de inadequação e comparação, contribuindo para quadros de baixa autoestima e sofrimento psíquico. O ambiente escolar, que deveria ser um espaço de construção de conhecimento e socialização, acaba sendo impactado negativamente pelo uso irrestrito do celular.

A Importância da Lei 15.100

Diante desse cenário, a Lei Federal 15.100 surge como uma resposta necessária para promover um ambiente mais propício à aprendizagem e à interação entre os alunos. Ao regulamentar o uso dos celulares durante o período escolar, a legislação visa reduzir distrações, melhorar a atenção dos estudantes e incentivar relações interpessoais mais saudáveis.

A presença constante do celular nas salas de aula interfere diretamente na qualidade do ensino. Alunos frequentemente interrompem sua concentração para verificar mensagens, redes sociais e jogos, o que prejudica o aprendizado e compromete o desempenho acadêmico. Além disso, a comunicação entre os estudantes fica reduzida, pois muitos optam por interagir virtualmente ao invés de estabelecer conexões reais.

Com a regulamentação proposta pela Lei 15.100, cria-se um espaço mais favorável ao ensino e às relações interpessoais, estimulando habilidades fundamentais como empatia, colaboração e resolução de conflitos. O resgate dessas interações diretas é essencial para o amadurecimento emocional e social das crianças e adolescentes.

O Papel da Escola e da Família

Para que a Lei 15.100 tenha um impacto positivo duradouro, é fundamental que a escola e a família caminhem juntas nesse processo. Os educadores devem estar preparados para reforçar a importância dessa regulamentação e estimular métodos pedagógicos que valorizem a interação entre os alunos. Atividades que incentivem a criatividade, a colaboração e o pensamento crítico devem ser cada vez mais exploradas.

As famílias também desempenham um papel crucial, estabelecendo limites saudáveis para o uso do celular dentro e fora da escola. A conscientização sobre os impactos do uso excessivo das telas deve ser uma conversa frequente entre pais e filhos, promovendo um equilíbrio entre a tecnologia e outras experiências essenciais para o desenvolvimento infantil.

Conclusão

A Lei Federal 15.100 não é apenas uma proibição ao uso do celular nas escolas, mas uma oportunidade para repensarmos o papel da tecnologia na infância e adolescência. Seu objetivo é resgatar a atenção plena na sala de aula, fortalecer laços sociais e garantir que o ambiente escolar seja, de fato, um espaço de aprendizado e desenvolvimento integral.

A tecnologia tem seu lugar e sua importância na educação, mas deve ser usada de forma consciente e equilibrada. A implementação dessa legislação abre caminho para um futuro em que as crianças e adolescentes possam crescer de maneira mais saudável, focadas em aprender, criar e interagir de maneira significativa com o mundo ao seu redor. Cabe a todos nós, profissionais da saúde, educadores e pais, apoiar e incentivar essa mudança em prol do bem-estar das novas gerações.

Por Aline Biano – Psicóloga infantil

@psicoalinebiano

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